Informação de que vacina de rubéola aplicada em grávidas teria provocado casos de microcefalia é falsa; vários boatos circulam na internet sobre microcefalia e zika (Foto: TV Globo)
Veja quais são esses boatos e entenda por que essas informações são falsas:
Vacina de rubéola
Um dos boatos mais difundidos na internet sobre microcefalia é o de que a doença estaria sendo causada por um lote vencido de vacina contra rubéola que teria sido aplicado em gestantes no Nordeste.
Em primeiro lugar, a vacina contra rubéola é contraindicada a gestantes. “A vacina de rubéola nunca é usada na gravidez, por isso não tem como ter uma associação como essa”, diz o médico Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A indicação da vacina contra rubéola – que aparece na forma de tríplice viral (que também protege contra caxumba e sarampo) ou quádrupla viral (que, além dessas doenças, protege contra catapora) – é para crianças, que tomam a primeira dose aos 12 meses e a segunda aos 15 meses. Adolescentes e adultos não-vacinados também devem tomar duas doses.
Em segundo lugar, as vacinas oferecidas pelos serviços públicos de saúde são seguras. “A utilização de vacinas ou medicamentos vencidos é crime. Qualquer serviço de saúde que acondicione produtos vencidos recebe autuações muito graves. Não faz nenhum sentido que órgãos públicos utilizem vacinas vencidas, isso não existe”, esclarece Kfouri.
A difusão do boato fez o Ministério da Saúde divulgar uma nota de esclarecimento sobre o assunto: “O Ministério da Saúde esclarece que todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) são seguras e não há nenhuma evidência de que possam causar microcefalia. As vacinas são fundamentais para proteger o bebê contra doenças graves. Nenhuma das vacinas administradas durante a gestação contém vírus ou outros agentes vivos.”Por último, mesmo o uso de uma vacina vencida não teria a capacidade de provocar danos neurológicos. “Teoricamente, o que acontece com o passar do tempo, tanto com vacinas malconservadas quanto com vacinas vencidas é que elas perdem a capacidade de desenvolver proteção contra doenças”, diz o especialista.
“Não existe nenhuma evidência científica que possa correlacionar o vírus zika com o comprometimento nervoso em crianças menores de 7 anos e em idosos”, afirmou o vice-presidente de Pesquisa e Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rodrigo Stabeli.
Mosquitos transgênicos
Há também o boato que afirma que o zika vírus se espalhou no Brasil depois da soltura de mosquitos transgênicos no país, que teriam passado a transmitir zika e chikungunya. Assim como os outros boatos, essa história também não faz sentido.
Mosquito Aedes aegypti geneticamente modificado fabricado pela Oxitec, unidade criada em Campinas, interior de São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
No caso dos mosquitos transgênicos, eles são modificados geneticamente para morrerem antes da fase adulta, reduzindo a população total de mosquitos na região onde são soltos. Já os mosquitos com a bactéria Wolbachia tornam-se incapazes de transmitir a dengue e outros vírus.
No vídeo, o virologista Paolo Zanotto, professor da Universidade de São Paulo (USP), comenta sobre esses boatos, que podem atrapalhar os esforços que a comunidade científica está desenvolvendo de controle e entendimento do problema: