sábado, 19 de maio de 2012

A maior cratera da Terra...

A maior cratera da Terra...

Publicado em 18/03/2008

Geólogos sul-africanos identificaram a maior e mais antiga cratera feita por um meteoro na Terra á 2.100 milhões de anos, um meteorito causou a destruição da superfície da Terra. 

A magnitude da catástrofe foi tal que, apesar do tempo transcorrido, ainda é possível visualizar a principal marca do choque com o solo. 

Estamos falando da magnífica cratera Vredefort, situada na província sul-africana de Free State.

Até há pouco os cientistas acreditavam que esta cratera era uma relíquia vulcânica do passado.



Uma equipe de geólogos da Universidade de Witwatersland está estudando-a a fundo e já têm um veredito: a cratera de Vredefort foi causada por um gigantesco choque cósmico, e não só isto - com seu diâmetro que vai de 250 a 300 Km, a Vredefort subiu para 1º no ranking, tornando-se a maior e mais antiga cratera da Terra. 

Supera em dimensões a cratera canadense de Sudbury, e também a de Chicxulub, na península de Yucatán. Como este último, a cratera sul-africana teve uma grande influência no clima terrestre quando nosso planeta tinha a metade da idade de hoje, afetando boa parte da vida na superfície do planeta.

Os geólogos coordenados por Uwe Reimold concluíram que os minerais do interior da cratera foram deformados de um modo que a atividade vulcânica terrestre não pode fazer

A cratera de Vredefort, que serve de paisagem natural à população de mesmo nome, é tão grande e está tão erodida que não denota sua verdadeira origem com facilidade. Para causar uma depressão como essa, um objeto procedente do espaço, de uns 10 Km de diâmetro, teria que chocar-se contra o solo a uma velocidade de 40.000 a 250.000 km/h.

A quantidade de pó que lançaria na atmosfera, tornando-a opaca ao encontro com a luz solar, causaria uma catástrofe sem precedentes.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Uma esperança ... Os que "VIVENCIARAM", talvez tenham as respostas que os médicos ainda não têm!



“Isso aqui é um lugar tão esquecido que nem o PCC 

vem para cá”, disse o pernambucano Ronaldo da 

Silva...

'Pai' da Cracolândia tenta botar ordem no caos...

Com experiência de quem viveu 20 anos sob o rígido código dos presidiários, Ronaldo avocou para si a missão de tentar disciplinar a Cracolândia...

“Isso aqui é um lugar tão esquecido que nem o PCC vem para cá”, disse o pernambucano Ronaldo da Silva, 53 anos, enquanto lançava um olhar abrangente sobre a esquina das ruas Helvétia e Barão de Piracicaba, na Cracolândia. “Aqui eu sou a disciplina”.Mestre de obras aposentado, ex-presidiário sobrevivente do massacre do Carandiru, Ronaldo é conhecido pelo nome de batismo por pouca gente. Na Cracolândia, ele é chamado de Pai.  












“Pai, quer comprar?”, ofereceu um rapaz der aproximadamente 20 anos, mostrando várias pedras de crack na mão.
“Pai, tem pedra?”, perguntou outro.
“Pai, desculpa por aquele dia. Eu tinha tomado muita cachaça”, explica uma moça.


Mulher que passou mal em operação recebe ajuda (Foto: Mariana Topfstedt/Sigmapress/Estadão Conteúdo)

Com  de quem viveu 20 anos sob o rígido código moral dos presidiários, Ronaldo avocou para si a missão de tentar estabelecer um mínimo de ordem no caos da Cracolândia.
De novo: Polícia Militar volta a dispersar população da Cracolândia
Continuidade: Polícia continua na Cracolândia, decidem promotores e governo
Biricolândia: Ação da polícia cria 'subcracolândias' no centro de São Paulo
Infográfico: Os efeitos do crack no corpo
PesquisaUso de crack supera 10 anos na Cracolândia

Do alto da autoridade e respeito conquistados ao longo de quatro anos ele distribuiu afagos e reprimendas, arbitra disputas por drogas ou dinheiro, aconselha em casos de desavenças conjugais, orienta os demais usuários sobre direitos frente à truculência policial e também sobre os riscos do roubo e do tráfico, estimula a solidariedade, exerce a política da boa vizinhança com moradores e comerciantes, encaminha pedidos de empregos e internações.



“Já tirei um monte de gente deste lugar. Tem uns meninos e 
meninas que não tem nada a ver com a droga e acabam aqui por equívoco ou por brigas familiares”, explicou. “Agora, se neguinho folgar, meto a mão na cara de qualquer um”.



“Ele é o nosso pai. É o único que debate. É um conselheiro”, resumiu Jailton Mota Santos, companheiro de Ronaldo desde os primórdios da Cracolândia.



É nosso desejo que Deus  tenha mísericordia destas vidas perdidas no vício que suga cada minuto destas vidas escravizadas pelo Crak...

Fonte postagens..Os 10 melhores posts dos blogs brasileiros em 2015... Melhores posts do ocioso:

Posted: 29 Dec 2015 11:13 PM PST
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Complemento! CRACK... O consumo de crack no Brasil se tornou uma epidemia...

ISSO MATA... BEM MORTO!

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O consumo de crack no Brasil se tornou uma epidemia e, por enquanto, está absolutamente fora do controle das autoridades e das famílias brasileiras. Políticas de prevenção, tratamento e repressão ainda pouco eficientes preocupam a classe médica, que precisa atender os que sentem o efeito devastador da droga e responder às angústias de famílias que chegam aos hospitais sem saber o que fazer com os filhos. Até agora, eles dizem não saber como fazer isso.
Com este diagnóstico em mãos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) reuniu as principais autoridades do País para traçar, até a metade do ano que vem, novas normas de atendimento aos usuários dependentes do crack.
O CFM está preocupado com a lentidão dos resultados de políticas públicas para o assunto e também com o novo plano de combate traçado pelo governo federal. Os conselheiros querem participar mais ativamente das discussões e do monitoramento das ações definidas pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas da Presidência da República (Senad), que ainda estão no papel, mas movimentarão R$ 400 milhões até o fim do ano.
Para isso, médicos interessados no tema em todo o Brasil se reuniram em Brasília nesta quinta-feira, dia 25. Iniciaram um Fórum Nacional sobre Aspectos Médicos e Sociais Relacionados ao Uso de Crack, que já tem mais duas reuniões marcadas para o ano que vem. Em março de 2011, a classe discutirá políticas de redução de danos aos usuários. Em abril, definições sobre o protocolo de atendimento ideal entrarão em pauta e, em maio, a capacitação dos profissionais que lidam com dependência química será o foco dos debates.
ISSO MATA... BEM MORTO!!!!
Desconhecimento
O primeiro encontro serviu para que gestores, pesquisadores e médicos que lidam com os pacientes na ponta dividissem preocupações e opiniões sobre as estratégias adotadas hoje no Brasil para combater o avanço do consumo da droga e auxiliar na recuperação dos dependentes.
“Sabemos pouco sobre o crack no mundo. Não há protocolo, antídoto ou dados suficientes para lidarmos com o problema. A certeza é de que todos precisamos trabalhar juntos: gestores, psiquiatras, sociedade”, afirma Ricardo Paiva, coordenador do fórum.





Uma pequena pesquisa de opinião preparada durante o evento mostrou que os médicos, de fato, desconhecem as especificidades do tema. Em perguntas como “você se sente qualificado para tratar o crack” ou “você conhece protocolos de assistência ao usuário”, a maioria dos participantes respondeu não (65% e 75,8%, respectivamente). Metade dos participantes admitiu não saber para onde encaminhar um usuário de crack se precisasse. Roberto Luiz d’Ávila, presidente do CFM, reconheceu que ele próprio desconhece as respostas.
“Cabe aqui uma reflexão de que precisamos agir e sensibilizar os médicos para o problema, tanto como profissionais quanto como cidadãos”, comentou. A falta de formação adequada para lidar com os pacientes usuários da droga é apenas um dos empecilhos para o enfrentamento adequado da epidemia. Os médicos criticam a definição lenta de ações eficientes nesse sentido.
“Infelizmente, nos últimos 10 ou 12 anos, o governo não teve sensibilidade para compreender a urgência que o crack exige e demorou a responder à epidemia”, critica Ronaldo Laranjeira, coordenador do Instituto Nacional de Políticas sobre Álcool e Drogas (Inpad).
ISSO MATA... BEM MORTO!!!!
Para Laranjeira, os modelos de atendimento dado aos usuários hoje e os definidos no novo plano de combate à droga não acompanham a complexidade da dependência causada pelo crack. “Essa é uma doença complexa. Vamos precisar de ambulatórios especializados, ações em escolas, maior relação com grupos de autoajuda, moradias assistivas”, afirma. O médico ressalta que grande parte dos usuários da droga morre nos primeiros cinco anos de vício. “Não vimos essa urgência refletida no combate ao uso da droga”, diz.
O psiquiatra defende a criação de unidades de tratamento especializadas, que combinem diferentes estratégias para evitar recaídas dos pacientes. Psiquiatras, psicólogos, grupos de autoajuda e orientação familiar têm de estar disponíveis, defende. Outro ponto fundamental, segundo ele, é preservar diferenças regionais nas ações. “Não é uma crítica partidária. Temos visto as mesmas políticas desde o governo de Fernando Henrique Cardoso. A área da dependência química continua neglicenciada”, diz.
Plano federal
Paulina Duarte, secretária-adjunta da Senad, defendeu o plano elaborado pelo governo em maio. “Concordo que muito ainda é precisa muito, mas discordo da ideia de que nada foi feito. O governo tem feito um investimento gigantesco, que pode ser insuficiente ainda, especialmente nas áreas de tratamento e ressocialização. Esse não é um plano milagroso, ele nasceu de trabalhos que temos feito em parceria com universidades, financiando pesquisas”, afirmou. Segundo Paulina, R$ 400 milhões serão investidos ainda este ano no programa.
O plano contempla diferentes frentes de atuação: ensino e pesquisa; prevenção, tratamento e reinserção social, e enfrentamento ao tráfico. Nas próximas semanas, Paulina garante que uma promessa feita no lançamento, que já deveria estar no ar, finalmente estará disponível à população, um site informativo e interativo sobre o crack. O objetivo é esclarecer a população sobre a droga, mostrando como a dependência é causada, o efeito da droga no organismo, como funciona o tratamento e onde buscar ajuda.



De acordo com Paulina, a rede de assistência social e a de saúde serão ampliadas. Além da criação de leitos para dependentes químicos em hospitais gerais, mais Centros de Atenção Psicossociais (CAPs) passarão a funcionar no País. O plano também vai financiar estudos sobre o perfil dos usuários de crack no Brasil. As estatísticas disponíveis sobre isso atualmente retratam recortes da sociedade e não toda ela. Há dados sobre estudantes consumidores da droga e habitantes de algumas regiões, por exemplo.
Com dinheiro e escolarizados
Um estudo com 22 mil pessoas em todo o País será concluído no início de dezembro, segundo Paulina. Ana Cecília Marques, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo ( Unifesp), ressalta que o perfil dos usuários mudou desde a década de 1990, quando a droga se tornou popular no País.
“Hoje, 0,3% da população mundial está consumindo o crack. Em 2004, identificamos que pelo menos 1% dos estudantes do ensino fundamental das escolas públicas já haviam experimentado a droga. Hoje, os usuários são mais escolarizados e mais velhos”, diz.




Durante os debates, uma senhora comoveu os participantes. Professora da rede pública de ensino de Brasília, Diana Costa, 56 anos, ouviu pelo rádio a notícia do fórum. Decidiu buscar mais informações – mesmo sendo um evento para especialistas – sobre a droga que acabou com sua família. E pedir ajuda.
O filho dela, de 36 anos, e a nora, de 20, estão viciados em crack. Ela contou que eles perderam tudo o que tinham em casa para acertar dívidas com os traficantes. O filho, de dois meses, também foi rejeitado pelos dois, que o entregaram a ela. "Esse crack é uma desgraça", afirmou.
Diana pediu que os especialistas lhe orientassem. Ela já havia acompanhado o filho e a nora a hospitais públicos de Brasília duas vezes para tentar uma consulta com um psiquiatra, mas não conseguiram. E ninguém a indicou o que fazer.
"Eu estou desesperada. Essa droga acabou com meu filho, acabou com a minha vida. Isso é avassalador. Meu filho largou emprego, emagreceu quase 20 quilos em quatro meses. Não sei o que fazer", desabafou.


Na construção da hidrelétrica de Jirau, estima-se que mais de 10% dos barradeiros estão viciados em crack...



O crack e os operários...


Por Abelha
Uma reportagem perturbadora sobre o avanço do crack em Jaci Paraná (RO).
Na construção da hidrelétrica de Jirau, estima-se que mais de 10% dos barradeiros estão viciados em crack. Este mesmo número é estimado para o avanço da droga entre os adolescentes da região.
Um exército de drogados em plena floresta.
Espantoso...
Do iG

O crack avança nos canteiros e corrói empregos e sonhos dos operários do PAC

Em Jaci Paraná (RO), a 20km das mais modernas hidrelétricas, estima-se que 10% dos “barrageiros” estão sendo consumidos pelo vício

Yan Boechat, iG São Paulo


Foto: Yan BoechatAmpliar
Adolescente viciado em crack aguarda para ser atendido por psiquiatra em posto de saúde de Jaci Paraná, localidade mais próxima do canteiro de obras da Usina de Jirau
A notícia começou a circular ainda com ares de boato no início tarde do dia 28 de dezembro. Foi ganhando força ao entardecer e quando a noite caiu sobre o lamacento povoado de Jaci Paraná, a 100 quilômetros ao Sul de Porto Velho (RO), tornou-se uma verdade assustadora mesmo para uma região tão acostumada à violência. Uma família inteira de cinco pessoas, entre elas uma mulher grávida de quatro meses e uma menina de apenas cinco anos, havia sido brutalmente assassinada. Não era um crime comum. Mãe e filha haviam sido violentadas e torturadas antes de morrer. Os homens - o pai e dois de seus primos - tiveram os braços e as pernas quebrados para que coubessem com mais facilidade nas covas rasas. Todos foram degolados.
Naqueles dias tensos às vésperas da virada do ano, os moradores de Jaci Paraná se deram conta de que a relação que o povoado tinha com o tráfico e o consumo de drogas havia mudado de patamar. Desde o início das obras da Usina Hidrelétrica de Jirau o consumo de crack vem crescendo de forma constante nesse distrito de Porto Velho com cara de cidade. Jaci Paraná nasceu há exatos 100 anos por conta da faraônica construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Distante apenas 20 quilômetros do principal canteiro de obras da usina hidrelétrica, a cidade é uma espécie de parque de diversões dos quase 20 mil trabalhadores que estão construindo as mais modernas usinas hidrelétricas do Brasil. Em seu núcleo central, composto por três ruas de 700 metros de comprimento cortadas por seis perpendiculares, contam-se exatos 62 prostíbulos, 18 salões de beleza e cinco igrejas.
Foto: Yan BoechatAmpliar
Rua principal do distrito de Jaci Paraná, o parque de diversões dos operários de Jirau
Foi no ano passado que o frágil equilíbrio que rege um universo calcado em sexo, álcool e drogas começou a sair de órbita. Pequenas cracolândias bem ao estilo paulistano começaram a aparecer. Logo cenas de craqueiros sujos, quase zumbis, catando latas pelas ruelas barrentas ou vivendo nas ruínas da ferrovia foram sendo incorporadas ao cotidiano de Jaci. “O consumo de crack começou a crescer muito, muito mesmo, tanto entre os funcionários da hidrelétrica quanto entre os moradores de Jaci”, diz Ademir Ferreira, diretor do Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas (Caps-AD) de Porto Velho. “De cada 10 pacientes que temos, oito são dependentes de crack e essa proporção tende a aumentar”, afirma ele, que desde abril passou a levar a equipe da Caps para visitas bimestrais ao distrito.
A chacina de Jaci, como ficou conhecida a matança do final de ano, apenas cristalizou uma certeza: o crack havia saído de controle no entorno de uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, orçada hoje em R$ 15 bilhões. Em Jaci todos sabiam que família assassinada era chefiada por um traficante que havia se instalado na região havia pouco tempo. Antes mesmo de a polícia finalizar as investigações e concluir que o autor do crime era um soldado da Polícia Militar local ligado a outros traficantes, não havia quem duvidasse de que as mortes eram fruto da disputa por um mercado formado por um exército de homens que foram buscar emprego e melhoria de vida em canteiros de obras na amazonia.
Sexo e Crack
R.F. não tem idade para trabalhar em Jirau. Fez 14 anos há pouco e não fosse a voz que insiste em dançar descontrolada entre os graves e agudos, poderia se passar até por um pré-adolescente. O corpo esquálido, sempre enfiado em calças justíssimas, reforça a impressão de que é quase uma criança. Ele não brinca muito e de estudar desistiu quando começou a voltar para casa com os primeiros raios de sol. “Passo a noite toda fumando, fumo uma pedra e quero mais, mais e mais”, diz ele, que experimentou o crack pela primeira vez há três anos. “Ai só paro de manhã, quando o pessoal volta pra usina e vou dormir”.


Foto: Yan BoechatAmpliar
É em meio às árvores que circundam os restos dos trilhos da Estrada de Ferro Madeira Mamoré que R.F. se prostitui

Para conseguir dinheiro para comprar as pedras de crack, vendidas a R$ 10 em Jaci Paraná, R.F. se prostitui. Seus clientes, quase sempre, são os operários das empresas que estão construindo a Usina de Jirau. “Faço programas com gente de tudo quanto é empresa”, conta, com a naturalidade de quem vive em um lugar conhecido como o maior bordel ao ar livre da Amazônia. O adolescente cobra R$ 20 o programa e o faz entre as frondosas árvores amazônicas que cobrem os últimos trilhos que restaram da Madeira-Mamoré, numa região conhecida como Trilhal, um dos pontos de encontro dos usuários de crack de Jaci Paraná. Ele frequenta o Trilhal muitas vezes na companhia de duas tias, também viciadas e que também se prostituem para conseguir dinheiro para comprar a droga.
R.F. faz parte de um novo tipo de usuário de crack em Jaci Paraná. Até pouco tempo, o consumo estava restrito basicamente aos funcionários das usinas, prostitutas que migraram para lá no início das obras e moradores ribeirinhos que foram remanejados de áreas rurais para o núcleo urbano por conta dos alagamentos inerentes à construção das barragens. Agora, no entanto, o crack vem se alastrando pela população juvenil rapidamente. “Para não exagerar, ao menos 10% dos adolescentes entre 12 e 18 anos de Jaci Paraná já são dependentes químicos da pedra”, diz Hélia de Jesus Bernardes, conselheira tutelar da Infância e da Juventude local. “Essa é uma conta conservadora, a coisa simplesmente saiu de controle e está crescendo”, diz ela, pouco depois de levar, ao posto de saúde, um adolescente que diz querer largar o vício.
Sorte de mãe
Essa é a conta também de um executivo de uma das empresas que constroem a usina e que conhece o canteiro de Jirau de perto. Pelas suas estimativas, ao menos 10% dos homens que estão construindo a usina hidrelétrica que terá capacidade de abastecer mais de 10 milhões de casas são dependentes ou usuários de crack. “É impressionante”, afirma o engenheiro, que prefere não ter o nome e o cargo revelados.


Foto: Yan BoechatAmpliar
Boa parte dos trabalhadores que foram trabalhar em Jirau veio do Maranhão e do Pará

“É muita gente da usina, gente demais que vem fumar pedra aqui. Tem dia que recebo tantos convites que nem sei pra onde ir”, diz Oseas Salgueiro, o Sassá, viciado em crack de Jaci que funciona como uma espécie de intermediário entre os homens que estão alojados nos canteiros de obras e os traficantes locais.
Sassá tem 22 anos, mas aparenta muito mais. Sua pele é manchada por pequenas marcas negras, que parecem cicatrizes criadas por espinhas que infeccionaram e demoraram muito tempo para secar. Seu cabelo tem falhas e os quatro dentes incisivos centrais da arcada superior já se foram. Preso duas vezes por porte e tráfico de drogas, Sassá é um homem bem humorado que, como quase todos os viciados em crack, vive exclusivamente para a droga. “Na minha casa, dos 12 irmãos, só três estão na pedra. Minha mãe tem sorte”, diz ele, rindo.
Para conseguir dinheiro para comprar a droga faz o que chama de “correria”, principalmente para os funcionários mais graduados da usina. “Encarregados sempre me procuram, às vezes, até engenheiros. Passam o dia fumando aqui no Trilhal e ainda levam pro canteiro”, afirma. “Teve uma vez que fiquei mais de dois meses, fumando sem parar, sem ir em casa, com um cara da usina que recebeu a rescisão por ter sido demitido”, conta, rindo e lembrando que sua mãe mora a menos de um quilômetro dessa cracolândia amazônica.
Sanções trabalhistas
Na Camargo Corrêa, funcionário encontrado com crack é demitido. “Sempre tem gente sendo pega lá, semana passada mesmo eu flagrei um com um cachimbo do lado do alojamento”, afirma um guarda patrimonial que trabalha dentro do canteiro de obras de Jirau e faz bico de segurança em Jaci Paraná. “Não tem conversa, está com crack a gente já leva pro departamento de demissão e chamamos a polícia”. Procurada pela reportagem, a Camargo Corrêa enviou uma nota informando que “todo profissional, ao ser contratado, passa por uma sensibilização em relação a dependência química e é alertado que, de acordo com as normas da empresa, o porte de drogas não é permitido de forma alguma no ambiente de trabalho, sendo considerado infração grave sujeita a sanções trabalhistas e penais.”

Foto: Yan BoechatAmpliar
Oscar veio do Amazonas em busca de emprego em Jaci, mas encontrou o crack e não vê os três filhos há dois anos
O problema é que muitos dos migrantes que foram tentar a sorte no canteiro de obras perdem o emprego, mas não largam o vício. “Muitos desses trabalhadores demitidos já estão dependentes e nem conseguem voltar para casa, ficam por aqui mesmo e acabam com o dinheiro da rescisão em dias, só consumindo crack”, diz Alda Lopes, diretora do Centro de Referência em Assistência Social de Jaci Paraná. “Antes ainda tinham algum tipo de respeito, mas agora, que vivem por aí, fumam em qualquer lugar, não se preocupam mais, já perderam tudo mesmo.”
Essa é a história dos irmãos José Aparecido, de 30 anos e de José Paulo, de 31 anos. Naturais de Catanduva (SP), os dois foram trabalhar como armadores na construção da Usina de Jirau há dois anos. Em pouco tempo passaram a usar crack. Primeiro nos finais de semana, em Jaci Paraná. Depois nos canteiros de obras. Flagrados fumando, foram demitidos. Com o dinheiro da rescisão esbaldaram-se por uma semana, até que tudo se foi. Hoje, vivem com cerca de outros 15 usuários de crack sob as arquibancadas de madeira do único campo de futebol de Jaci Paraná. “É nossa pequena cracolândia, já foi muito maior, mas a polícia deu bafão aqui depois da matança, bateu na gente, e aí um povo foi morar lá para o Trilhal”, afirma José Aparecido.



Foto: Yan BoechatAmpliar
Baiano, assim como diversos moradores da chamada "cracolândia da arquibancada", chegou a Jaci para trabalhar em Jirau e acabou perdendo o emprego por conta do vício
As arquibancadas eram a principal cracolândia de Jaci Paraná até o início do ano. Mas com a repercussão da chacina, cometida por um soldado do próprio batalhão que faz a segurança do distrito, a polícia decidiu por reduzir o movimento. “Em época de pagamento das empresas isso aqui parecia dia de jogo de futebol, lotava essa arquibancada”, conta Oscar, um amazonense que chegou a Jaci há dois anos para trabalhar em uma madeireira e, como os irmãos paulistas, também perdeu o emprego após viciar-se em crack. “Comecei nos fins de semana, nas folgas, e logo parei de trabalhar”, diz ele, que deixou mulher e três filhos na periferia de Manaus. “Mas agora só sobramos nós, o resto se embrenhou no meio do mato”, diz Alberto Vargas, o Baiano, outro viciado em crack, outro ex-funcionário de Jirau e agora mais um morador da cracolândia da arquibancada.
Barro molhado
Jaci Paraná é um lugar simples. Nessa época em que chove quase todos os dias na Floresta Amazônica, uma lama vermelha toma conta de tudo: das ruas, dos carros, das casas, das roupas. De longe, o tom ocre do barro molhado contrasta com o azul escuro das nuvens sempre carregadas e com o verde das matas que ainda restam nessa região marcada pelo encontro dos rios Jaci e Madeira. Desde que a Usina de Jirau começou a ser construída, houve uma explosão demográfica nesse antigo ponto de parada da Madeira-Mamoré.



Foto: Yan Boechat
Jaci Paraná é um amontoado de ruas esburacadas e cobertas pelo barro vermelho dessa região de Rondônia
Aos 4 mil habitantes que viviam ali da pesca e da agricultura de subsistência, em quatro anos somaram-se outros 16 mil que vieram tentar a sorte na esteira da grande obra. Como quase sempre acontece, Jaci não foi preparada para a invasão de prostitutas, cafetões, operários, comerciantes e toda sorte de aventureiros que sempre surgem em situações como essas. “Não houve nenhuma preparação e toda a sociedade ficou desestruturada. Prometeram muito, mas pouco fizeram. Continuamos sem saneamento básico, sem uma estrutura de saúde”, diz Maria da Silva Pereira, agente de Saúde da Família e professora do ensino básico de Jaci Paraná, que vive ali há quase duas décadas.
Hoje, Jaci é um amontoado de ruas esburacadas e lamacentas, com pouquíssimos equipamentos públicos. Tem um posto de saúde que faz as vezes de pronto socorro, duas escolas públicas e um centro administrativo. No mais, não há sequer um representante direto dos governos federal ou estadual. “Aqui nós não temos condições de atender o viciado”, afirma Adriana Soares da Silva, diretora do posto de saúde da família de Jaci Paraná, única unidade de saúde num raio de quase 100 quilômetros. “O que fazemos é dar o tratamento básico quando alguém está tendo uma overdose ou quando se envolve em uma confusão”, diz. “A demanda cresceu demais desde a chegada das usinas, não conseguimos nem atender toda a população de forma eficaz”.



Foto: Yan BoechatAmpliar
As barragens construídas pelas duas usinas do Madeira estão mudando a região

Quando foram assinados os contratos dos consórcios que venceram as licitações para construir as usinas do Complexo do Madeira – Jirau e Santo Antônio, essa distante apenas 20 quilômetros de Porto Velho – ficou acertado que cerca de R$ 400 milhões seriam investidos em compensações sociais na região. Em Jaci, a Energia Sustentável do Brasil, consórcio responsável pela construção de Jirau, ampliou o posto de saúde, fez obras de reformas na escola municipal e construiu o centro administrativo da comunidade, além de ceder uma área onde a polícia militar está instalada.
Mas boa parte do investimento foi destinado a uma cidade modelo construída a apenas 10 quilômetros do canteiro de obras. Para lá foram levados parte dos moradores da localidade de Mutum-Paraná, que será totalmente alagada quando a usina estiver pronta. Nessa cidade cuidadosamente planejada e curiosamente sem árvores, estão instalados também os engenheiros mais graduados da Camargo Corrêa e da Energia Sustentável do Brasil (ESBR). Apesar da proximidade com o canteiro de obras, não há prostíbulos nem cracolândias em Nova Mutum Paraná.

Pedido de ajuda
A Energia Sustentável do Brasil é um consórcio liderado pela empresa francesa Suez. São ainda sócias no empreendimento a Eletrosul, a Chesf e a própria Camargo Corrêa. Boa parte dos R$ 15 bilhões que estão sendo gastos na construção da usina – a qual o consórcio terá o direito de explorar por 35 anos –, vem de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES. O Banco já autorizou o empréstimo de R$ 7,5 bilhões – o maior de sua história. A ESBR pleiteia um crédito adicional de R$ 2,5 bilhões para ampliar a capacidade de geração de Jirau. A Energia Sustentável do Brasil recusou-se a dar declarações sobre essa reportagem ao iG. Por meio de sua assessoria de imprensa, informou que problemas com drogas dentro do canteiro de obras são de responsabilidade da Camargo Corrêa. Fora dele, da prefeitura de Porto Velho.



Foto: Yan BoechatAmpliar
Trabalhador de Jirau diverte-se com prostituta em um dos mais de 60 bordéis de Jaci Paraná

A única ação da prefeitura de Porto Velho para conter, ou ao menos amenizar, o avanço do crack na região de Jirau é o envio bimestral da equipe do Caps-AD. Por apenas dois dias a cada dois meses, Ademir segue com um psiquiatra, uma psicóloga, uma assistente social e um assistente administrativo para Jaci Paraná. Instalam-se no posto de saúde e ali aguardam a chegada de viciados que estejam dispostos a buscar tratamento. É um trabalho reativo que, reconhecem os próprios profissionais, tem poucos efeitos práticos. “Estamos só raspando a pontinha do iceberg, há um número imenso de dependentes dentro das usinas com os quais não temos contatos, além daqueles que já estão em estado de total dependência aqui em Jaci e que não querem ajuda”, diz Bernardo Melo, o psiquiatra do Caps.
Ana Lúcia Rueda quer ajuda. Morando há três anos em Jaci Paraná, há poucos meses ela entrou em uma espiral de decadência que a fez perder a filha, de pouco menos de dois anos, e a dignidade. “Tive que entregar minha menina pra minha mãe, senão o conselho ia levar, e agora ela não me deixa mais ver a menina”, diz ela, que chega a fazer programas por até R$ 10 para conseguir comprar crack. Com 24 anos, Ana Lúcia foi para Jaci para ser uma das centenas de prostitutas que tem nos trabalhadores da usina uma clientela regular. Experimentou o crack com um barrageiro, como são conhecidos por lá os operários. Em pouco tempo estava fumando todo fim de semana, depois todas as noites e, por fim, o tempo todo. Foi expulsa do prostíbulo no qual trabalhava e hoje vive sob as arquibancadas do campo de futebol. “Quero parar porque quero ver minha filha, mas sozinha não consigo”, diz Ana. Ela nunca procurou o apoio, nem recebeu a visita, de um profissional do Caps.
O pedido de ajuda de Ana Lúcia é o mesmo do de Hélia Bernardes, a conselheira Tutelar da Infância e da Juventude de Jaci Paraná. “Sozinhos nós não conseguiremos fazer nada, precisamos de ajuda do poder público”, diz ela. “Não temos nada aqui e sem apoio a coisa só vai piorar”.