quinta-feira, 21 de outubro de 2021


Nascida em 3 de abril de 1934, a primatóloga britânica Valerie Jane Morris-Goodall foi responsável por fazer importantes descobertas sobre o comportamento de chimpanzés, revolucionando a compreensão do homem sobre os animais.

OS 8O ANOS DE JANE GOODALL



PUBLICADO EM RECORTES POR MURILO TREVISAN

Jane Goodall dedicou sua vida ao estudo do comportamento e da relação familiar dos chimpanzés na Tanzânia. Mas sua história de vida ultrapassa outras fronteiras.



Jane Goodall é uma primatóloga britânica que dedicou mais de 50 anos de sua vida ao estudo comportamental dos chimpanzés na Tanzânia.

Nunca desistiu de seus sonhos
Jane sempre sonhou em conhecer a África. Desde os 8 anos, era fascinada pelas histórias de “Tarzan”, e sabia que era naquele continente que deveria trabalhar. Porém, nem Jane nem sua família tinham dinheiro suficiente para pagar uma universidade, o que, na época, era fundamental para que a britânica começasse a desenvolver pesquisas. Então, Jane se matriculou em um curso de secretariado que lhe garantiu vários empregos. Economizando seu salário, ela conseguir comprar uma passagem para o Quênia.

 Tudo começou em Julho de 1960 quando ela partiu em sua primeira expedição. Jane foi pioneira na área. Além de ser extremamente cautelosa e detalhista em seus relatos, ela é sinônimo da conservação da vida animal. Em abril desse ano ela completou 80 anos de idade.
Quando começou ela era apenas uma cidadã britânica que não tinha qualquer tipo de trabalho publicado no meio, muito menos era dona de um diploma universitário. 


Mas seu estudo foi seu cartão de visitas ao mundo científico e com isso ela se tornou uma mulher de renome internacional.
Durante sua carreira Jane sofreu rejeições no meio acadêmico pelo fato de humanizar seu objeto de pesquisa, nesse caso os chimpanzés.


Jane Goodall segurando seu brinquedo, Mr. H, em 2006 (Foto: By Jeekc, via Wikimedia Commons)
 
Ela nomeava-os e atribuía sentimentos aos seus pesquisados, isso não foi aceito pelo meio da etologia, campo que estuda o processo de evolução do animal.


Foi aceita em Cambridge ser ter diploma
Após suas impactantes descobertas, e com a ajuda da influência de Leakey, Jane foi aceita no programa de doutorado da Universidade de Cambridge. Em meados da década de 1960, se tornou PhD em etologia, ciência que estuda o comportamento animal, e é, até hoje, uma das poucas pessoas a cursar pós-graduação em Cambridge sem ter um diploma universitário

O estudo de Jane não serviu apenas para entender o processo evolutivo e comportamental dos chimpanzés foi um marco do início de uma longa luta para a preservação e proteção desses animais que em vários países têm sua existência ameaçada. Goodall é considerada um marco em uma nova era da ciência, a ciência humanizada.
Enfrentou a comunidade acadêmica
Por ser jovem e ser mulher, Jane não foi bem aceita pela comunidade científica e foi bastante romantizada pela mídia. Em uma matéria da Associated Press sobre suas pesquisas, por exemplo, foi retratada como “Loura esguia com mais tempo para macacos do que para homens”.
Esse era um dos principais propósitos de Jane ao publicar seu estudo.


Ela ignorou as críticas da sociedade científica e humanizou as descobertas de campo com um contato direto e intimo com os chimpanzés.

Ao longo desses 50 anos de estudo Jane acompanhou o desenvolvimento de 3 gerações de chimpanzés na Reserva de Gombe na Tanzânia. Mas após tanto estuda-los ela resolveu levar ao mundo a importância de preserva-los.
“Se eu sentasse e permitisse que os chimpanzés daqui e de todo o mundo fossem extintos seria uma marca negra na história da humanidade, por esse motivo é de extrema importância encontrar um equilíbrio entre a atividade humana e animal” disse Jane.


Após quebrar paradigmas no passado Jane se dedica hoje ao seu instituto o “Instituto Jane Goodall” atua em países africanos recrutando pessoas para ajudar na preservação desses animais.
Vida pessoal
Apesar de ter se oposto à presença de fotógrafos em sua estada em Gombe, Jane se deu muito bem com Hugo van Lawick, fotógrafo holandês que foi escalado para cobrir as pesquisas em Gombe. Após algum tempo de convivência, ele a pediu em casamento e, em 1967, tiveram um filho.
Em 1974, Jane e Hugo se divorciaram e, em 1975, a cientista se casou com o ativista Derek Bryceson, que morreu em 1980 por causa de um câncer.
(Com informações de National Geographic, Time e Jane Goodall Institute).



Jane Godall pode ser considerada uma das primeiras mulheres visionárias da história. Ela não só pretende conscientizar uma sociedade que age de forma errada em relação aos bens naturais, Jane Goodall está deixando um legado de consciência ambiental e social que será de extrema importância e utilidade em um futuro não muito distante.


Foto/Capa - Michael Nichols para a National Geographic


 JANE GOODALL recebeu:
  PRÉMIOS E HONRAS

   Medalha da Tanzânia
   Medalha Hubbard da National         Geographic Society
 Prestigiado prémio Kyoto (Japão)
 Prémio de Pesquisa Técnica e Científica   
 Príncipe das Astúrias (2003)
 Medalha Benjamin Franklin em Ciência   da  vida
 Prémio Gandhi/King para a não-violência.
 Em 2002, foi nomeada Mensageira da Paz   das Nações Unidas (ONU), pelo então   secretário-geral Kofi Annan. Os   Mensageiros da Paz ajudam a mobilizar a   população a envolver-se em trabalho que   torna o mundo um lugar melhor.   Trabalham em diferentes áreas:   erradicação da pobreza, direitos   humanos, desarmamento,   desenvolvimento de comunidades e   ambientalismo.

 Em 2003, a Rainha Isabel II nomeou Jane   Goodall como Dama do Império Britânico   (equivalente a ser nomeado cavaleiro).

 Jane Goodall recebeu doutoramentos   honorários de diversas universidades,   incluindo:
 Universidade de Utrecht (Holanda)
 Universidade Ludwig-Maximilians   (Munique)
 Universidade Stirling (Escócia)
 Universidade Providence (Taiwan)
 Universidade de Guelph   (Canadá)Universidade Ryerson (Canadá)
 Universidade de Buffalo   (EUA)Universidade de Tufts (EUA)