sexta-feira, 29 de março de 2019

CEDROS DO LÍBANO... PONTOS TURÍSTICOS, Bosques do Cedro, 375 exemplares de cedros muito antigos.




VALE DE KADISHA
O Vale de Qadisha ou Kadisha (Ouadi Qadisha), um dos vales mais profundos e mais belos no Líbano, é realmente um mundo à parte.



No nível inferior deste desfiladeiro selvagem e íngreme corre o rio Qadisha, cuja fonte está na Gruta Qadisha no sopé do Vale dos Cedros. E acima encontram-se as famosas torres Qornet es-Sauda, a 3088m acima do nível do mar, o pico mais alto do Líbano, de onde se pode ver, em dia claro, toda a costa libanesa até a costa de Chipre, inclusive.



O Vale de Qadisha começa na vila de Becharre, ou Bsharri, que marca o início de uma falha geológica estendendo-se por vales profundos. Toda água acumulada a partir destes vales menores deságua no Rio Qadisha, que atravessa o vale em direção a Trípoli e o mar.



O impressionante Vale de Qadisha é desde os primeiros anos depois de Cristo local de abrigo a comunidades cristãs. A sensação de completo isolamento do resto do mundo que se sente em Qadisha é algo impressionante. Mesmo vendo algumas casas modernas no topo dos penhascos, o tempo parece ter parado para quem vive no vale. Há pessoas que vivem ali da agricultura e do pastoreio, em locais que só são acessíveis percorrendo vários quilômetros a pé.



O caminho que se percorre de carro através das montanhas até vila de Becharre passa por pitorescas aldeias




E na rota até a vila encontra-se o Museu Gibran Khalil Gibran.


Museu

Nascido em Becharre em 6 de Janeiro de 1883, Gibran foi um ensaísta libanês e famoso filósofo, romancista, poeta, místico e artista. Seu trabalho mais conhecido é “O Profeta” um livro de 26 ensaios poéticos, que foi traduzido para 20 idiomas.
Gibran viveu a maior parte de sua vida com sua familia em Boston e Nova York, mas deixou especificado em seu testamento que queria ser enterrado em Becharre. Quando morreu em Nova York em 10 de Abril de 1931, seu corpo foi repatriado ao Líbano e levado a Becharra onde foi enterrado em 22 de Agosto do mesmo ano, no atual museu que era uma antiga capela e convento comprado por Gibran.


Sala com os móveis usados por Gibran e sua foto


O museu também abriga muitas das pinturas, desenhos, manuscritos e objetos pessoais do genial artista

O Vale de Qadisha também é conhecido como "Vale Santo" por ter sido local de refúgio de religiosos desde o século IV e abriga algumas das mais importantes colônias monásticas do mundo.Lá se encontram várias capelas escavadas nas rochas, grutas, muitas pintadas com afrescos que datam dos séculos 12 e 13, e ficam escondidas nas paredes íngremes do vale. Antigamente centenas os monges faziam do vale sagrado a sua casa, quer como eremitas em grutas, quer em comunidades monásticas. Hoje se mantêm ativas algumas comunidades e há também pelo menos um eremita vivendo nas grutas.



Entre os notáveis mosteiros localizados no vale estão o Monastério de Santo António de Qozhaya (Mar Antonios Qozhaya), o Monastério deSaydet Haouqa, o Monastério de Qannoubine, e o Monastério de Mar Elisha.

MONASTÉRIO DE SANTO ANTÓNIO DE QOZHAYA
O Monastério de Santo Antonio encontra-se no Vale de Qozhaya, nome que quer dizer “o tesouro da vida”, e pertence à Ordem Maronita de São Charbel



Logo na entrada do Monastério se avista a gruta dedicada a Santo Antonio de Qozhaya (251-356). De acordo com a tradição, ele era chamado de “o Grande” e, como fundador da vida monástica, viveu com seus discípulos na caverna.



Ele era conhecido por ter poder para curar os loucos e dementes e por isso a gruta também é conhecida como a “gruta dos loucos”, um local realmente sombrio onde ainda se podem ver as correntes onde eram amarrados os exorcizados.



Mas a gruta também é considerada um lugar milagroso. Santo Antonio também é conhecido como protetor das crianças e suas famílias. Por isso na gruta se encontram muitas oferendas (em forma de tachos e panelas) de jovens que pretendem engravidar. As panelas voltadas para baixo simbolizam a vontade da mulher em carregar um feto, e quando elas dão a luz voltam para agradecer e colocam a panela para cima.



De acordo com documentos históricos, este mosteiro talhado na rocha no vale, esteve em uso contínuo desde a Idade Média.



É um centro nacional de peregrinação, e sua história é a história do Cristianismo no Líbano. Seus monges e ainda dois eremitas continuam a tradição de oferecer suas vidas em prece a Deus.



A Igreja de Santo Antonio foi a primeira igreja construída no Líbano e está encravada na rocha.






Antigamente os cristãos permaneciam no escuro no interior da igreja, uma forma de assegurar sua segurança quando se reuniam ou em momentos de preces.



O Monastério também é famoso por abrigar a primeira imprensa do Oriente Médio, colocada em uso no ano de 1585 usando o sistema inventado por Gutenberg, mas aqui com caracteres árabes. Objetos e máquinas usadas na época encontram-se no museo do Monastério.



Esta máquina pode ser vista no museu, assim como outros artefatos usados antigamente pelos monges.






E a linda vista que se tem do monastério traz muita paz



O BOSQUE DOS CEDROS

Embora possamos encontrar cedros em vários locais ao redor do Mediterrâneo, como em Chipre, naTurquia, em Marrocos, ou mesmo na França, nenhuma dessas espécies ou qualquer outra árvore no mundo tem um currículo tão invejável como o Cedro do Líbano.



O milenar Bosque dos Cedros de Deus também conhecido como Cedros do Senhor ou Horsh Arz el-Rab, são um conjunto de cedros-do-líbano remanescentes e os últimos sobreviventes das imensas florestas que cobriam as cercanias do Monte Líbano antigamente.



O Líbano era coberto por florestas de cedro, árvore que é o símbolo do país. Hoje, após séculos de persistente exploração, a extensão destas florestas está muito reduzida, e as árvores sobrevivem apenas em reservas em áreas montanhosas.Por séculos sua madeira foi utilizada, e se tem notícia que sua exploração se iniciou em 3000 a.C para ser levada ao Egito. Os povos antigos utilizavam o cedro para construir templos, palácios e também para embalsamar cadáveres porque sua seiva era conhecida como excelente isolante. Foi também explorada pelos assírios, babilonios e persas, assim como pelos fenícios em suas embracações, e também utilizada por Salomão para construir o primeiro Templo de Jerusalém



O interesse em sua preservação entretanto vem de longe. O imperador romano Adriano (117-138 d.C.) tomou uma série de medidas, entre as quais, classificar as árvores e declarar os bosques uma reserva do império. Lamentavelmente seu esforço não durou muito tempo. Outras tentativas se sucederam, como em 1876 quando 102 hectares foram cercados por um muro de pedra que ainda existe, financiado pela rainha Vitória do Reino Unido para proteger as árvores novas das cabras que se alimentavam delas. Mas ainda assim, na Segunda Guerra Mundial, o próprio exército inglês transformou a madeira dessas árvores em linhas da ferrovia que unia a cidade de Trípoli a Haifa.



Em 1985 foi fundada a Associação de Amigos dos Bosques do Cedro a fim de recuperar os danos provocados pelo homem aos bosques. Foram construídos caminhos, escombros removidos, a terra fertilizada e novas árvores plantadas. A floresta hoje em dia é rigorosamente protegida,e as visitas só ocorrem com acompanhamento de um guia autorizado.



No Líbano exitem algumas reservas naturais protegidas, e esta de Becharre é a mais famosa por ter 375 exemplares de cedros muito antigos, sendo 4 deles com mais de 35m de altura e 13m de diâmetro, como o que está na foto abaixo



Cabe ressaltar que o cedro é uma árvore de crescimento muito lento e requer cerca de 40 anos para que comece a crescer, e por isso pode-se ter uma idéia da idade dessas árvores. Ao lado delas existem milhares de árvores novas que foram plantadas há décadas com o propósito de resguardar esse patrimonio nacional.



Como curiosidade na visitação ao bosque não deixe de ver o Cedro de Lamartine, um tronco de cedro seco esculpido pelo artista plástico Rudy Rahme em 1992 depois da árvore ter sido atingida por um relâmpago.





Outro ponto de interesse também é visitar a singela capela do bosque.



Na entrada da reserva existem muitas lojas de souvenir com lembrancinhas em madeira, mas felizmente nenhuma feita de cedro.



No inverno a Estação de Esqui dos Cedros de Becharre, considerada uma das melhores do Líbano, é disputada por muitos turistas e entusiastas do esporte. A região, próxima ao bosque, é rica em hotéis, restaurantes e lojas de souvenir. Numerosas casas de temporada estão espalhadas pela região e na margem da estrada que leva ao centro de esqui, que está a 2066m acima do nível do mar.
O Vale de Qadisha foi declarado Patrimônio da Humanidade pelaUNESCO, juntamente com o Monastério de Santo Antonio de Qozhaya e a Floresta de Cedros do Senhor em 1988.

quarta-feira, 27 de março de 2019