quinta-feira, 16 de junho de 2016

Nossas orígens O estupro coletivo numa favela do Rio de Janeiro escancarou as doenças do Brasil...



Que o brasileiro em geral é um péssimo estudante de História, todo mundo sabe. Aliás, somos péssimos em praticamente todas as matérias. Talvez possamos atribuir isso a um sistema educacional podre. Quantas vezes já ouvimos dizer que para entender o presente é necessário voltar ao passado? A tecla é batida inúmeras vezes, mas não aprendemos.


Não estou aqui para dizer que sou diferente. Durante o Ensino Médio, frequentei uma escola pública básica: desorganizada, desestruturada, falida. Não aprendi História. Muitas vezes não a aplico ao presente. Como estudante graduado em Letras e pós-graduando em Estudos Literários (grande merda), fui e sou obrigado a voltar no tempo para dar base a artigos de pesquisa.
Em minha monografia – que tem como base o romance policial Agosto, de Rubem Fonseca – tive que viajar para o ano de 1954, para entender o contexto que cercava os dias que antecederam o suicídio de Getúlio Vargas. A máquina do tempo que utilizei (dentre outros documentos) foi Getúlio - Da volta pela consagração popular ao suicídio (1945-1954), terceiro volume da trilogia escrita por Lira Neto, na qual o jornalista interpreta a carreira do político. Olhando para trás e vendo o que acontece no Brasil de hoje, foi fácil constatar que a História brasileira é cíclica. Sempre houve conspirações políticas, mídia golpista, imprensa partidária.
Literatura e resistência, do crítico e professor Alfredo Bosi, estava na bibliografia básica para quem desejava se candidatar a uma vaga no programa de pós-graduação da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara/SP. No capítulo em que o autor se põe a analisar as denúncias sociais feitas por Lima Barreto no romance Recordações do Escrivão Isaías Caminha, entende-se: o racismo, por mais que seja combatido nos dias de hoje, é algo velado, cravado no cotidiano brasileiro. O país nunca deixou de conviver com os absurdos ocorridos na época da escravidão. Quem é branco continua sendo dono de privilégios, seja na fila do pão, na hora de conseguir emprego, na política – é só olhar para a casta que compõe o atual ministério.
eSTUPRO


A direção da APLB-Sindicato posiciona-se pelo enfrentamento à cultura de estupro existente e afirma que atos bárbaros e criminosos como estes violentam não só as adolescentes, mas todas as mulheres do país.
Pelo fim da violência contra às mulheres! 
Por conta das notícias a respeito do estupro coletivo envolvendo uma adolescente e trinta homens numa favela do Rio de Janeiro, lembrei desse trecho do discurso feito pelo escritor Luiz Rufatto, na Feira do Livro de Frankfurt de 2013 - vale a leitura do texto inteiro: "[...] se nossa população é mestiça, deve-se ao cruzamento de homens europeus com mulheres indígenas ou africanas - ou seja, a assimilação se deu através do estupro das nativas e negras pelos colonizadores brancos". Estamos em 2016 e sabemos: a cultura do estupro chegou com os colonizadores e se enraizou numa mentalidade machista e homofóbica.
O Brasil é um país doente de muitas doenças. E faz tempo, mais de 500 anos.
Quando encontraremos a vacina?



Nenhum comentário: