quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Novas evidências reforçam que o QI não mede de verdade a sua inteligência...





Albert Einstein, o mais pop dos gênios, tinha QI 160. 





Ele tinha QI 160. Hoje, esse número é usado informalmente para 

definir a genialidade de alguém


A cada dez anos, o QI médio cresce cerca de três pontos.
O psicólogo James Flynn passou décadas documentando este estranho fato, que foi denominado Efeito Flynn. A pergunta é: o Efeito Flynn significa que estamos ficando mais espertos? Não para o próprio Flynn, que diz que o efeito apenas revela que o QI mede habilidades ensináveis, e não as natas. Como a educação mudou com o tempo, as crianças melhoraram em testes padronizados como o QI. E então as pontuações subiram.
Mas alguns pensadores se agarram à ideia de que o QI mede uma inteligência nata que transcende cultura e educação escolar. Se for verdade, então espera-se que os elementos mais abstratos e “livres de cultura” não estejam sujeitos ao Efeito Flynn. Mas eles estão. E agora dois pesquisadores de psicologia mostraram os motivos.
O que mudou nossas mentes?
O site Io9 entrevistou um pesquisador de psicologia da Universidade Estadual da Flórida, Ainsley Mitchum, que acabou de publicar um estudo no Journal of Experimental Psychology com seu colega Mark Fox. Eles observaram mudanças em como as pessoas pontuavam nas partes dos testes de QI que abordavam as matrizes de Raven, que mediam a habilidade das pessoas de pensar abstratamente. Esses testes sempre envolvem gráficos e reconhecimento de padrões, e são considerados livres de qualquer diferença cultural.


Ainsley e Mark tiveram sorte o suficiente para encontrar um relatório detalhando as pontuações de um grupo de jovens que fizeram o teste das matrizes progressivas de Raven nos anos 60, e compararam com as pontuações de jovens que estão fazendo o teste agora. Os resultados eram consistentes com o Efeito Flynn. “Pessoas que tinham a pontuação média há 50 anos estariam abaixo da média agora”, disse Ainsley. Mas como pode ser?




Em culturas modernas, mais ênfase tem sido dada em abstração. Alunos aprendem álgebra mais precocemente do que costumavam, por exemplo, mas, além disso, nossas vidas cotidianas estão cheias de abstrações.
Ainsley constatou que só o ato de usar pastas em seu computador já requer certo nível de pensamento abstrato que as pessoas não encontrariam facilmente na vida cotidiana há 50 anos. “Esse padrão deixa você mais confortável ao romper as características superficiais dos objetos”, explicou Ainsley. Então uma cultura mais avançada tecnologicamente, combinada com diferenças em educação, aprimora a habilidade das pessoas para pensar abstratamente.
Abstração é cultural
Com o tempo, nossa habilidade de lidar com informação abstrata está mudando. O que isso significa é que a própria abstração é cultural e muda com o tempo assim como muitos outros aspectos de nossa cultura. É provável que as gerações passadas fossem mais literais em seu modo de pensar. Eles lidavam mais frequentemente com objetos no mundo real, e não precisavam entender coisas como avatares – ícones que representam um objeto real – ou como traduzir um pequeno movimento no pulso em um movimento em uma tela.
Ainsley afirmou:
Os psicólogos querem dizer a você que a inteligência mede uma habilidade essencial que é natural às pessoas – uma quantidade real, não algo que é cultural. Então eles construíram esses testes que foram designados para não serem sensíveis a culturas (como as matrizes progressivas de Raven). Mas a inteligência não pode ser olhada como algo separado da cultura. Nós discutimos que as mudanças em pontuações em testes não se traduzem em mudanças na habilidade. Isso não significa que nós estamos evoluindo para pessoas mais inteligentes. O dado sugere que o que está mudando é a sabedoria. Há um tipo de sabedoria abstrata que as pessoas agora têm em números maiores. As pessoas em média não tinham isso há 50 anos”.
Ainsley constatou que você pode ver essa transformação muito além das fronteiras da tecnologia. Até o meta-humor (ou seja, humor que faz piadas de si mesmo), como o humor referencial em Community (seriado norte-americano exibido no Brasil pela Sony), é muito mais abstrato do que aquilo que as pessoas gostavam em Os Três Patetas há meio século.
Se houver uma mudança substancial na tecnologia no futuro, Ainsley acredita que nós veremos mais uma mudança no modo como as pessoas aprendem e lidam com a informação: “Não deveria ser surpreendente para as pessoas que quando nosso ambiente muda rapidamente, a maneira como as pessoas lidam com informações muda com ele”, disse Ainsley. “Nós mapeamos o nosso ambiente. Então o que estamos vendo em testes de QI é a pegada disso”.
Provavelmente, você não é muito mais esperto ou menos esperto que a maioria das pessoasSe o seu QI é majoritariamente o resultado do seu ambiente, o que isso diz sobre inteligência? 




Alguns de nós não nascem com mais dons mentais que outros? Provavelmente não, diz Ainsley. “Adultos neurotípicos provavelmente não diferem tanto quando parecem”, disse. Certamente algumas pessoas têm deficiências cognitivas resultantes de ferimentos na cabeça, síndromes neuroquímicas e deficiências de desenvolvimento. Mas pessoas cujos cérebros estão na faixa da normalidade não diferem muito em termos de habilidade mentais natas. O que nós medimos como “inteligência” em testes de QI é principalmente ambiente e experiência.
Isso não quer dizer que testes de QI não têm utilidade. Na verdade, eles são uma grande ajuda para traçar o modo como às culturas estão mudando com o tempo. Esses testes estão nos ajudando a traçar a maneira como modos de pensar são passados de geração em geração, mudando no caminho.








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