quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

GIGANTES DA HISTÓRIA "Os Fenícios". A civilização fenícia.


Os fenícios, tendo triunfado nos seus negócios, acumularam grandes riquezas e resolveram navegar para o mar que se estende fora das Colunas de Hércules e que é chamado Oceano”
Diodoro de Sicilia

(Século I a.C.)


Os registos radiométricos mais remotos que documentam a actividade antrópica fenícia na Península Ibérica reportam-se aos finais do séc. IX/inícios do séc. VIII a.C. e provêem de Huelva (1998). Estes novos dados vieram revogar os dados do Morro de Mezquitilla, até há pouco tempo considerados o paradigma peninsular da antiguidade fenícia e que apontavam para finais do séc. X/inícios do séc. IX a.C. Esta



Os fenícios localizavam-se na porção norte da Palestina, onde hoje se encontra o Líbano. Os povos originários dessa civilização são os semitas que, saindo do litoral norte do Mar Vermelho, fixaram-se na Palestina realizando o cultivo de cereais, videiras e oliveiras. Além da agricultura, a pesca e o artesanato também eram outras atividades por eles desenvolvidas.

A proximidade com o mar e o início das trocas agrícolas com os egípcios deu condições para que o comércio marítimo destacasse-se como um dos mais fortes setores da economia fenícia. Ao longo da faixa litorânea por eles ocupada surgiram diversas cidades-Estado, como Arad, Biblos, Tiro, Sídon e Ugarit. Em cada uma dessas cidades um governo autônomo era responsável pelas questões políticas e administrativas.



Por volta de 850 a.C., como parecem indiciar algumas decorações em vasos do século VIII a.C., os navios mercantes fenícios já denotam características bastante evoluídas, encontrando-se também preparados para os confrontos bélicos, versatilidade reveladora de uma forte competição pelos mares mediterrâneos. Os planos de risco da construção naval da época vão apresentando algumas transformações, perdendo-se a tendência para a simetria longitudinal, numa clara adopção do desenho dos navios de guerra cretenses. A proa vai ser elevada, encurvada e revestida a ferro, permitindo uma maior protecção do casco em caso de abalroamento. O mastro apresenta-se relativamente baixo e compacto, enquanto a vela é reforçada com correias de couro.



O poder político exercido no interior das cidades fenícias costumava ser assumido por representantes de sua elite marítimo-comercial. Tal prática definia o regime político da fenícia como uma talassocracia, ou seja, um governo comandado por homens ligados ao mar. Em meados de 1500 a.C. a atividade comercial fenícia intensificou-se consideravelmente fazendo com que surgisse o interesse pela dominação de outros povos comerciantes.



No ano de 1400 a.C.os fenícios dominaram as rotas comerciais, anteriormente controladas pelos cretenses, que ligavam a região da Palestina ao litoral sul do Mediterrâneo. Na trajetória da civilização fenícia, diferentes cidades imprimiam sua hegemonia comercial na região.

Por volta de 100 a.C. – após o auge dos centros urbanos de Ugarit, Sídon e Biblos – a cidade de Tiro expandiu sua rede comercial sob as ilhas da Costa Palestina chegando até mesmo a contar com o apoio dos hebreus. Com a posterior expansão e a concorrência dos gregos, os comerciantes de Tiro buscaram o comércio com regiões do Norte da África e da Península Ibérica.



A navegação comercial era efetuada, quase exclusivamente, nos meses em que se reuniam favoráveis condições meteorológicas e de agitação marítima, isto é, entre Março e Outubro. Já os navios de guerra, utilizados em missões de patrulha costeira e em ações contra a pirataria, bem como em batalhas, navegavam, provavelmente, durante todo o ano. No decurso da Primeira Guerra Púnica (entre Cartago e Roma), os naufrágios causados por temporais ascenderam, no que se refere aos cartagineses, a cerca de 700 navios (de guerra e comerciais, utilizados para o transporte de tropas e abastecimento), tendo os romanos perdido perto de um milhar.
Todo esse desenvolvimento mercantil observado entre os fenícios influenciou o domínio e a criação de técnicas e saberes vinculados ao intenso trânsito dos fenícios. A astronomia foi um campo desenvolvido em função das técnicas de navegação necessárias à prática comercial. Além disso, o alfabeto fonético deu origem às línguas clássicas que assentaram as bases do alfabeto ocidental contemporâneo.

No campo religioso, os fenícios incorporaram o predominante politeísmo das sociedades antigas. Baal era o deus associado ao sol e às chuvas. Aliyan, seu filho, era a divindade das fontes. Astarteia era uma deusa vinculada à riqueza e à fecundidade. Durantes seus rituais, feitos ao ar livre, os fenícios costumavam oferecer o sacrifício de animais e homens.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

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